sábado, 23 de outubro de 2010

o invisível me anda saltando aos olhos.
Con las piedras que con duro intento los críticos te lanzan, bien puedes erigirte un monumento.
Sonhar é filosofia de vida.
E a vida se torna simples.
Há um passo!
A um passo.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Uma carta


Gostei de saber que você está com a alma mais sossegada. O sentimento de grandeza que você acha que está perdendo talvez agora é que você esteja adquirindo. Sua predisposição para ficar calada não é propriamente uma novidade: a novidade é estar aceitando, inclusive, o silêncio. É bom isso, dá mais paciência, mais compreensão, dá mais sentimento às coisas — e dá grandeza.
 

Rio de Janeiro, 27 de outubro de 1953.
Carta de Fernando Sabino a Clarice Lispector.
 

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Para começarmos, podemos dividir todo tipo de felicidade e sofrimento em duas categorias principais: mental e física. Das duas, é a mente que exerce a maior influência em muitos de nós. A menos que estejamos gravemente doentes, ou privados de nossas necessidades básicas, a condição física representa um papel secundário na vida. Se o corpo está satisfeito, praticamente o ignoramos. A mente, entretanto, registra cada evento, por mais pequeno que seja. Por isso, deveríamos devotar nossos mais sérios esforços à produção da paz mental. A partir de minha própria limitada experiência, descobri que o mais alto grau de tranqüilidade interior vem do desenvolvimento do amor e da compaixão. Quanto mais nos ocuparmos com a felicidade alheia, maior se tornará nossa sensação de bem-estar. O cultivo de sentimentos amorosos, calorosos e próximos para com os outros automaticamente descansa a mente. Isto ajuda a remover quaisquer temores ou inseguranças que possamos ter e, nos dá força para enfrentarmos quaisquer obstáculos que encontramos. É a principal fonte de sucesso na vida. Enquanto vivemos neste mundo estamos destinados a encontrar problemas. Se, nessas ocasiões, perdemos a esperança e nos desencorajamos, diminuímos nossa habilidade de encarar as dificuldades. Se, por outro lado, nos lembramos que não se trata apenas de nós, mas, que todos têm de passar por sofrimento, esta perspectiva mais realista aumentará nossa capacidade e determinação para sobrepujarmos os problemas. Na verdade, com essa atitude, cada novo obstáculo pode ser encarado como sendo mais uma valiosa oportunidade de aprimorar nossa mente! Desse modo, podemos gradualmente nos esforçar para nos tornarmos mais compassivos, ou seja, podemos desenvolver tanto a genuína empatia pelo sofrimento dos outros, quanto a vontade de ajudar a remover sua dor. Como resultado, crescerão nossas próprias serenidade e força interior.

Sua santidade, Dalai Lama.

sábado, 2 de outubro de 2010

Depois de um dia denso, do caminho até a casa vejo um sol se pondo vermelho no céu. E a cabeça só pensa em uma coisa. 
Que sol lindo paro pra ver. Fico presa do lado de fora, talvez por obra dos astros, pra que eu ficasse ali mais tempo, admirando o astro-rei. Sei que nos quatro cantos da cidade , naquele quase-instante, de não mais que dez minutos ele era por muitos louvado e respeitado.

Hoje se vestiu muito bem e foi à festa dos homens. Os homens o viram. Lá do alto, soberano, a captar toda a energia boa que pudesse receber e todas as energias ruins daqueles que o olhavam. Prostrou-se pela renovação.

Buscava não menos que demonstrar de forma cristalina e fugaz todo o seu poder de astro-rei, dono dos séculos e amante da lua. 
Por vê-lo tão iluminado, ficaram todos curiosos em saber como surgiria a linda e doce luz da noite.

Ainda assim disseram que o traje vermelho daquele senhor anunciava tempos frios.

Cada qual trouxe sua compreensão. Seria aquilo um fenômeno? Ou seria uma forma de exibir a grandeza e luz do que sempre está presente mas que só se vê quando está num traje mais imponente?

Talvez apareça de uma cor para cada um que o observou na cidade. 

Assim, quando se pôs já havia consumido e decantado todas as energias que suportou e conheceu as origens deixando a cada simples observador um recado distinto. Disse ainda que voltava, pois precisava angariar mais olhos, em prol da renovação.

Tentei acompanhar sua saída do alto daquela varanda, mas não foi possível vê-la por completo. Do chão, ele deixou claro que era mais fácil.

Nem hesitou em transmitir que o contato físico não é dos primordiais. Pela estada fulgaz naquela tarde trouxe-me a paz e a reflexão.

Avisou sobre o caráter cíclico das energias e de mansinho sussurrou:
"Fique com a luz da noite.
Embora estejamos, nos milímetros dos homens, bem distantes,
não há distância no universo.
Tudo está intimamente ligado, abraçado.
A luz da noite nem precisa me mandar recado..."

(Mariana - em 02 de outubro de 2010)