quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PRESENÇA






É preciso que a saudade desenhe tuas linhas perfeitas,
teu perfil exato e que, apenas, levemente, o vento
das horas ponha um frêmito em teus cabelos...
É preciso que a tua ausência trescale
sutilmente, no ar, a trevo machucado,
as folhas de alecrim desde há muito guardadas
não se sabe por quem nalgum móvel antigo...
Mas é preciso, também, que seja como abrir uma janela
e respirar-te, azul e luminosa, no ar.
É preciso a saudade para eu sentir
como sinto - em mim - a presença misteriosa da vida...
Mas quando surges és tão outra e múltipla e imprevista
que nunca te pareces com o teu retrato...
E eu tenho de fechar meus olhos para ver-te.

 



Mario Quintana
Quando a tristeza chegar, já fui
Não quero nem saber de dor
Tristeza em meu cantar, não flui
Se o pranto me chamar, não vou
Em cada dia que vai nascer
Mora o desejo de ser feliz
Mesmo sem querer
Mesmo por um triz
A esperança existe em todos nós
Canto por prazer
Canto pra quem diz
Que o amor existe em nossa voz
Uma só voz...



 borboleta-coruja.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

.aponte/a ponte.

A gente sempre fica à procura de um texto bonito.
De palavras singelas.
Tudo na tentativa de dizer indiretamente.
De fazer uma ponte.
Tenta-se dominar o simples, que é notório.
Tenta-se atravessar a ponte.
Tenta-se atravessar, aponte!
Tenta-se, atravessar a ponte.
Mas não há meio ou tentativa que vença.
A verdade é soberana e não sobreposições ou roupa de outra cor.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

sobre coisas simples

Nós bebemos demais, gastamos sem critérios. Dirigimos
rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde,
acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV
demais e raramente estamos com Deus.

Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores.

Nós falamos demais, amamos raramente, odiamos
freqüentemente.

Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos
à nossa vida e não vida aos nossos anos.

Fomos e voltamos à Lua, mas temos dificuldade em cruzar a
rua e encontrar um novo vizinho. Conquistamos o espaço, mas
não o nosso próprio.

Fizemos muitas coisas maiores, mas pouquíssimas melhores.

Limpamos o ar, mas poluímos a alma; dominamos o átomo,
mas não nosso preconceito; escrevemos mais, mas aprendemos
menos; planejamos mais, mas realizamos menos.

Aprendemos a nos apressar e não, a esperar.

Construímos mais computadores para armazenar mais
informação, produzir mais cópias do que nunca, mas nos
comunicamos cada vez menos.

Estamos na era do 'fast-food' e da digestão lenta;
do homem grande, de caráter pequeno; lucros acentuados e
relações vazias.

Essa é a era de dois empregos, vários divórcios, casas
chiques e lares despedaçados.


Essa é a era das viagens rápidas, fraldas e moral
descartáveis, dos cérebros ocos e das
pílulas 'mágicas'.

Um momento de muita coisa na vitrine e muito pouco na
dispensa.

Uma era que leva essa carta a você, e uma era que te
permite dividir essa reflexão ou simplesmente clicar
'delete'.

Lembre-se de passar tempo com as pessoas que ama, pois elas
não estarão aqui para sempre.

Lembre-se dar um abraço carinhoso em seus pais, num amigo,
pois não lhe custa um centavo sequer.

Lembre-se de dizer 'eu te amo' à sua companheira(o)

E às pessoas que ama, mas, em primeiro lugar, se ame...
se ame muito.
Um beijo e um abraço curam a dor,
Quando vêm de lá de dentro.
Não magoem quem te ama, um dia poderá sentir falta de ser amado ,
Por isso, valorize sua familia e as pessoas que estão ao
Seu lado sempre. 

.george carlin.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

expurga vai.

desmedido que sou com a vida que levo
se quero já vou
se não quero nem me entrego
quando quero apenas sou
quando falo escorrego
quanto sinto, tudo sou
quando ajo, nada levo
tudo quanto possa ser
a verdade é de doer!

.mari.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

um texto legal

DEFINIÇÃO DE SAUDADE!
                             
Artigo do Dr. Rogério Brandão, Médico oncologista. Recife


Como médico cancerologista, já calejado com longos 29 anos de atuação
profissional (....) "... posso afirmar que cresci e modifiquei-me com os dramas vivenciados pelos meus pacientes. Não conhecemos nossa verdadeira dimensão até que, pegos pela adversidade, descobrimos que somos capazes de ir muito mais  além. Recordo-me com emoção do Hospital do Câncer de Pernambuco, onde dei meus primeiros passos como profissional. Comecei a frequentar a enfermaria infantil e apaixonei-me pela oncopediatria.
Vivenciei os dramas dos meus pacientes, crianças vítimas inocentes do câncer. Com o nascimento da minha primeira filha, comecei a me acovardar ao ver o sofrimento das crianças. Até o dia em que um anjo passou por mim ! Meu anjo veio na forma de uma criança já com 11 anos, calejada por dois longos anos de tratamentos diversos, manipulações, injeções e todos os desconfortos trazidos pelos programas de químicos e radioterapias. Mas nunca vi o pequeno anjo fraquejar. Vi-a chorar muitas vezes; também vi medo em seus olhinhos; porém, isso é humano !
Um dia, cheguei ao hospital cedinho e encontrei meu anjo sozinho no quarto. Perguntei pela mãe ... A resposta que recebi, ainda hoje, não consigo contar sem vivenciar profunda emoção.
" - Tio, disse-me ela, às vezes minha mãe sai do quarto para chorar escondida nos corredores. Quando eu morrer, acho que ela vai ficar com muita saudade. Mas, eu não tenho medo de morrer, tio. Eu não nasci para esta vida !"
Indaguei: - E o que morte representa para você, minha querida ?
" - Olha tio, quando a gente é pequena, às vezes, vamos dormir na cama do  nosso pai e, no outro dia, acordamos em nossa própria cama, não é ?" (Lembrei das minhas filhas, na época crianças de 6 e 2 anos, com elas, eu procedia exatamente assim.) - É isso mesmo.
"- Um dia eu vou dormir e o meu Pai vem me buscar.. Vou  acordar na casa Dele, na minha vida verdadeira !"
Fiquei "entupigaitado", não sabia o que dizer. Chocado com a maturidade com que o sofrimento acelerou, a visão e a espiritualidade daquela criança.
"- E minha mãe vai ficar com saudades, emendou  ela."
Emocionado, contendo uma lágrima e um soluço, perguntei:
- E o que saudade significa para você, minha querida ?
- Saudade é o amor que fica!
Hoje, aos 53 anos de idade, desafio qualquer um a dar uma definição melhor, mais direta e simples para a palavra saudade: é o amor que fica!

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"As pupilas não se aguentam de tão envergonhadas quando encontram o raio de sol."